Rodrigo Guerini
Virtual Boy - O videogame 3d da Nintendo que não deu certo.
por Jogos
,
Tecnologia
em 27-01-2011 às 14:43
Retirado de www.sanrojoga.com
Virtual Boy
A Nintendo, líder do mercado - tanto em consoles, quanto em portáteis, resolve revolucionar a jogatina e introduzir uma nova dimensão ao jogador. Chega da imagem chapada da televisão, agora a idéia é inserir o jogador no mundo 3D.
Ahn? 2011 e o lançamento do Nintendo 3DS? Lógico que não! Estamos falando de 1995 e o lançamento do VIRTUAL BOY!
O que é o Virtual Boy?
Não é um acessório, mas também não é um portátil, nem um console de mesa. O Virtual Boy é tão... esquizofrênico (?) que ele provavelmente precisaria de uma nova categoria para enquadrá-lo, afinal, podemos chamá-lo de portátil, sendo que é necessário uma mesa para jogá-lo?
Se você olhar por 5 minutos esta imagem também terá dor de cabeça...
O Virtual Boy foi a "encheção" de linguiça oficial entre o Super Nintendo e o lançamento do Nintendo 64. Devido a hegemonia que o seu console de 16bits estava tendo a partir de 1992 a Nintendo não estava lá muito interessada em mudar de geração. Novos consoles estavam sendo apresentados e vendidos, tanto pela Sony - Playstation, quanto pela Sega - Saturn, e o projeto do Nintendo 64 estava longe de completo.
É lançado então o Virtual Boy, uma geringonça composta de um óculos imenso, pézinho para este óculos e um controle. Tão portátil quanto a sua televisão de 50 polegadas.
Os óculos eram necessários para dar o efeito 3D que o acessório pregava. Acontece assim, para que nós consigamos ter a impressão do 3D, precisamos que cada um dos olhos receba informações diferentes. O que o Virtual Boy fazia era ter cada uma de suas duas telas, exibindo imagens similares, mas não iguais, e assim dando a sensação do 3D.
Imagina jogar isso com um Wiimote
Ao contrário do que ficou popular, a Nintendo não tinha exatamente como fazer o Virtual Boy colorido, na época do projeto apenas as cores vermelha e azul poderiam ser colocadas. O azul tinha um brilho muito fraco e não dava a sensação do 3D, ao contrário do vermelho, por isto, o Virtual Boy acabou ficando conhecido como um console com jogos em duas cores - preto e vermelho.
Segundo a própria Nintendo, o Virtual Boy não tinha como objetivo substituir o Game Boy, afinal não poderia ser jogado em qualquer lugar, nem o Super Nintendo, portanto criaria uma nova categoria. Este mesmo papo, diga-se, foi feito no lançamento do Wii, que ele não chegava para concorrer com o Playstation 3 ou o Xbox 360 e sim, criar uma nova categoria.
E por que o Virtual Boy não deu certo?
Por onde começar? É quase como entrar numa fábrica de chocolates e ser obrigado a escolher um item.
Os jogos são ruins, certo? Com tantos videogames que nasceram e morreram na metade da década de 90 é até irônico dizer que o Virtual Boy, na sua diminuta lista de jogos (22 ao todo), tinha alguns bastante bons. Wario Land, por exemplo, é um exemplar jogo de plataforma que faria bonito em absolutamente qualquer videogame.
Entendeu alguma coisa? É, nem eu...
E aí está o primeiro grande problema do Virtual Boy, seus melhores jogos poderiam ser facilmente realizados em outros videogames, o tal do efeito de realidade virtual era nulo em quase todos os jogos, e embora o 3D fosse até relativamente competente, em quase nenhum dos jogos ele era realmente necessário.
Pela própria limitação da tecnologia, o Virtual Boy apresentava apenas aquele vermelho característico, portanto, por melhores que fossem os gráficos - e não eram tão bons assim, afinal, lembre-se, o videogame precisava processar 2x a informação, uma para cada olho -, você ficaria preso aquele mundo sem cor.
Waterworld para Virtual Boy. E você achava que o FILME era ruim...
Sua portabilidade era absolutamente ridícula, já que era necessário uma superfície bastante estável - existem espelhos se mexendo lá dentro durante a jogatina, que poderiam se deslocar, caso você jogasse dentro de um carro, por exemplo - e comia 6 pilhas a cada 6 a 7 horas. Reclame do seu iphone agora.
Somado a tudo isso, são frequentes os relatos de pessoas que tiveram dores de cabeça e nos olhos após poucos minutos de exposição ao produto - diga-se, relatos parecidos, embora em menor quantidade, também foram feitos após a apresentação do 3DS.
Em suma, o Virtual Boy era a forma mais eficaz de você criar uma dor de cabeça, para jogos que podiam muito bem ser apresentados em outros sistemas, como o Super NES ou até o Game Boy.
Da série: "Imagens que valem mais do que 1000 palavras"
Foto de Artefact Group
Como consequência deste fracasso o Virtual Boy foi logo esquecido pela Nintendo, que focou todos os seus recursos para o projeto do Nintendo 64, o tal conceito de "Realidade Virtual" - que outras empresas já haviam namorado, inclusive a Sega - foi deixado para trás e assim como o comunismo esquecido nos anos 90, pelo menos como produto de massas.
Já o inventor da geringonça, Gunpei Yokoi, que também tinha desenvolvido o Game Boy, o Game & Watch e a série Metroid, acabou sendo demitido da Nintendo. Por fim, o 3D em games só voltou a ser notícia em 2009 com a Sony anunciando uma atualização para televisões 3D de seu Playstation 3, e claro, a Nintendo com o lançamento do Nintendo 3DS em fevereiro deste ano.
SÉRIE COMPLETA: Acessórios que você NÃO deveria testar:
Parte 1 - Power Glove (NES) e Intellivoice (Intellivision)
Parte 2 - R.O.B. (NES)
Parte 3 - Sega Activator (Mega Drive)
Parte 4 - Overlays (Odyssey)
Parte 5 - Minklink (Atari)
Parte 6 - Roll & Rocker (NES)
Parte 7 - Sega MegaDrive Modem
Parte 8 - Nintendo 64DD
Parte 9 - Dreamcast Fishing Rod